terça-feira, 27 de outubro de 2009

POEMA SOBRE A MORTE (IRMÃO CORDEIRO)

Irmão Cordeiro alimentava-se de insetos e, quando nessa moleza total saiu de sua alma o soneto que segue gravado na palhoça que ficou meses, as letras eram de sangue e ele jamais o esqueceu.....: (no barro)

Sinto que morro lentamente à fome
Meu corpo treme, sou uma chaga e dor,
Sangram-me as mãos e os pés, sinto o torpor
Sinto a agonia que me rói e consome

A noite é longa e cruelmente insone
Gemem fantasmas entre as trevas Horror...
Correm insetos em meu corpo e o ardor
Gera um inferno sem igual, sem nome

Tornei-me um verme da crueldade humana
Meu corpo nu, marcado de violência
Coteja o sangue de uma vingança insana

Não peço aos homens nem perdão, nem clemência
Ao Deus que tudo vê e nada engana
Proclamo a minha fé é inocência

Certo dia dirigentes da Frelino de visita ao campo de concentração viram a avioneta que haviam estacionado levantar vôo e desaparecer. Nela ia Irmão Cordeiro à caminho da Rodésia e da Liberdade...
Relatos feitos pro amigos de irmão Cordeiro

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