A HISTÓRIA DA IMIGRAÇÃO NO BRASIL
“AS FAMÍLIAS”
Darci José Corbellini
Do casal João Batista Corbellini e Olímpia Capelli, nasceu
dia 13 de setembro do ano de 1823, na localidade de São Daniele Ripa Pó, na
província de Cremona, Itália. Luiz Corbellini, que mais tarde se transferiu com
toda família, dois filhos casados e quatro solteiros, para o Brasil. Por
ocasião de sua mudança para a América, retirou da paróquia de S.Daniele o seu batistério
como também os dos seus quatro filhos ainda solteiros, cuja cópia temos ainda
conosco. E por meio deste batistério sabemos a data da saída do imigrante Luiz
da Itália. Partiu, no dia 18 de setembro do ano de 1881. Em 2003 celebramos 123
anos da migração da família Corbellini.
Sem
podermos precisar datas, sabemos que, numa primeiras levas de migrantes
italianos que buscaram terras brasileiras, participaram cunhados de Luiz
Corbellini, e estes depois de terem se instalados no Rio Grande do Sul, sobretudo
na localidade de Conde D’Eu, comecaram a enviar cartas assiduamente, aos
parentes da Itália, contando mirabilescas histórias sobre a fertilidade dos
sol, abundância de frutas e sobretudo elogiando o saboroso pinhão, que eles
apelidaram de pão-brasileiro. Principalmente essas histórias de pão pendurado
nas árvores é que fascinou os curiosos parentes lá da Itália. E com isso
começaram os casais mais jovens a sentirem-se atraídos para a migração, até
que, ao final, a família toda resolveu mudar-se para a América, e Luiz
Corbellini, já na idade de 58 anos trouxed toda a família para junto dos
parentes da América, a fim de fazer a “cucangna”.
O filho
casado chamava-se Marcelo e tinha por esposa Anunciatta Denti, e a filha casada
se chamava Maria e era desposada com Caetano Balastrieri. Os filhos solteiros
se chamavam João, Estevão, Amadeu e Antônio Imério. Consta que quem mais
instigou para se mudarem para a América foi o filho mais velho, que, fascinado
pelas fantasiosas cartas dos tios, não sossegava de aliciar os pais e demais
irmãos. E, assim aos poucos, foram vendendo os bens e propriedades no ubérrimo
vale do Rio Pó, por um preço irrisório, pois todos acabaram fascinados pelo
Eldorado Americano.
Depois
de penosa viagem, e de longos e diuturnos sofrimentos materiais, físicos e
espirituais, afinal essa leva de migrantes alcançou Conde D’Eu. Estavam
exaustos, magros e adoentados. Tanto na Ilha das Flores como em Santos passaram
dias amargos. Sobretudo porque no Brasil ocorria uma epidemia, a decepção foi única.
O abatimento tomou conta do patriarca Luiz, que de então lamentava o capital
atirado fora na Itália, aquelas terras férteis, agora trocada por agrestes,
pedregosas, montanhosas e incultas. De uma moradia acolhedora e cômoda,
passaram a residir em ranchos e galpões improvisados. Sentiram a total ausência
de recursos médicos, espirituais e materiais. E, pedindo satisfação pelas
cartas exageradas dos parentes, sempre ouvia a resposta: “ a nossa saudades
eram imensas”.
E, desde
então as duas famílias, Aime e Corbellini sempre ficaram sentindo uma certa
insegurança em seus relacionamentos, apesar do próximo grau de parentesco.
Aconteceu
que os filhos mais jovens de Luiz conseguiram mais facilmente se aclimatarem e
ambientarem no método de vida das novas terra. Com empenho dedicaram-se desde
logo ao trabalho de serraria. Mas como a família dispunha de mais filhos, nunca
descuraram também do amanho do solo, ainda mais que se via a absoluta
necessidade de cada qual produzir no máximo os produtos indispensáveis para o
próprio sustento. Com exceção do sal e tecido, de resto cada família cuidava
para ter seu pé de café bem cuidado num fundo de quintal, a cana para tirar o
açúcar, etc.
Os
primeiros Corbellini que chagaram a Lajeado, estabeleceram-se em Sete de Setembro,
então distrito de Sério, Lajeado - RS, em 1915.
Eram os filhos de Estevão João
Corbellini, imigrante italiano que primeiramente se estabeleceu em Garibaldi.
Dentre os que foram morar em Sete de Setembro, estava o meu avô materno, José,
que teve onze filhos. Além de José, lá se estabeleceram também os irmãos: Rosa,
Josefina, Luiz, Aessandrina, Terezinha, Ângelo, Joaquim, Guilherme, Amália e
Severino, estes, que era um pedreiro que fazia túmulos e jazigos, ofício que
deu origem aos atuais Mármores Corbellini.
Também,
entre esses, encontra-se Paulo Corbellini, o primeiro a instalar um moinho
colonial em Sete de Setembro, aproveitando a queda d’água lá existente.
Quando a
família Corbellini chegou a Lajeado, era uma época de enchente. Como estava tudo
alagado na região, inclusive em Forquetinha, os poucos habitantes da época,
todos tristes em virtudes da situação difícil, lembraram-se das histórias dos
imigrantes italianos que contavam sobre enchentes do Rio Pó. Assustaram-se e
subiram o morro, estabeleceram-se em Sete de Setembro, local onde havia terras
boas e muita caça nativa. Lá cultivaram de tudo, inclusive parreirais. Havia
também muitas frutas, principalmente oriundas de pinheirais.
Mais
tarde, alguns dos filhos dessas primeiras famílias Corbellini, inclusive eu, “
desceram os morros” e se estabeleceram em Lajeado, em outras atividades. Houve
também alguns que migraram para Santa Catarina.
Este trabalho foi feito com base em informações do Frei
Lucas Corbellini (Elígio Corbellini), filho de João Batista Corbellini, nascido
aos 18 dias do mês de outubro do ano de 1918 e falecido no dia 13 de dezembro
de 2002, e elaborado por Darci José Corbellini, filho de Humberto Corbellini.
Informação: Norma C.C.C. Zanatta e Frei Paulo F. Zanatta
receberam da Societá Taliana tutu fratelli de Lajeado –RS, através da Sra. Jaci
R. Buffon Sandri.
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